quarta-feira, 17 de agosto de 2011

PERDERAM-DUAS VIDAS


PERDERAM-SE DUAS VIDAS.



Era talvez 10 ou 11 horas da noite do dia 15 para 16 do corrente mês, precisamente ontem à noite. Ouviu-se nesta imensidão da floresta amazônica, próximo a fronteira com a Colômbia. Um tenebroso grito de dor. Por motivos óbvios, darei nomes fictícios para meus personagens. A mulher eu vou chamar de Berenice, e o homem de Jesuino. Ela, menor, com apenas l6 anos, uma criança. Ele um pouco mais velho talvez 25 ou 26 anos. Ela era mulher de outro homem, que chamarei de Jose da Solda, do qual já estava separada. Berenice tinha sonhos, queria ter uma família, queria sair, conhecer outras localidades, sentir outras sensações, outros contatos. Seus sonhos eram como a maioria dos sonhos das garotas do interior, vir para a capital, estudar, ter uma vida melhor. Talvez conhecer um homem diferente dos que conhecia desde o seu nascimento. Porem a vida lhe pregou uma peça, ela com o seu jovem coração sonhador estando já separada, envolveu-se com outro homem. Este envolvimento com um novo parceiro causou um ciúme mortal em Jose Soldador que, mesmo sabendo que Berenice não o amava mais, insistia em,segundo dizem, em procurá-la para tentar reatar o convívio anterior,mas,Berenice já estava se relacionado com o Jesuino.Jesuino um homem enorme bonitão, funcionário publico embora tivesse sido avisado do perigo,não temia as ameaças do  ex marido de Berenice.Ontem, Jose Soldador de posse de uma peixeira afiadíssima foi ate a casa de Berenice onde ela estava com o seu novo amor,o Jesuino,e num ímpeto animalesco desferiu um golpes certeiros em Berenice e depois correu atrás do Jesuino e o matou com varias facadas.Ouviu-se um silencio ensurdecedor, um martelar de têmpora a correr pela beira do rio,em pouco tempo a noticia se espalhou,é uma cidade pequena,alegre,de um povo extraordinariamente cordial,a cidade é bem servida de escola,tem ruas largas,encravada no centro da Amazônia.mas toda esta  calma foi quebrada por este triste acontecimento.Hoje foi decretado feriado nas repartições publicas,determinou-se que dois funcionários da prefeitura atuassem como coveiros.A cidade ficou em polvorosa,comentava-se o acontecido em cada esquina,os trabalhadores de uma obra que está sendo construída na cidade pararam para acompanhar o movimento.Eu sou um observador,não sou da cidade,como dizem,sou de fora.Porem, este fato triste,animalesco,e perverso,causou em mim tamanha angustia e dor que é quase impossível calar.Quando meu Deus,os homens vão mudar?Como pode nos vivermos no terceiro milênio e ainda nos portarmos como animais irracionais?Hoje a Floresta está chorando, pois perdeu dois filhos de suas intanhas,  os que partiram eram caboclos amazonidas,mas a tristeza maior da floresta e deste que hora escreve,é porque mais uma pobre e indefesa mulher foi mais uma vitima de um machismo idiota,e bestial que ainda assola o mundo.

Japurá 16/08/2011



Por Bartolomeu.